quinta-feira, 1 de abril de 2010

A Cama Desarrumada...



Ele levanta.
Desperta de um sonho que nunca mais lembrará e corre pra encarar mais outro dia.
Sai com tanta pressa para o banheiro que esquece que a cama ficou desarrumada. Acaba e vai pra cozinha onde quase que engole a sua primeira refeição do dia. Veste aquela mesma calça jeans e calça um tênis surrado, estes dois que já o acompanham por um bom tempo ganham a companhia de uma camisa vermelha escolhida de forma completamente aleatória. Depois de se perfumar, desliga as luzes, fecha a janela, tranca as portas e vai.

No ponto do ônibus as mesmas pessoas com suas "caras de todo dia" vão compondo o cenário já tantas vezes repetido. A condução chega e senta-se no mesmo lugar de sempre, as mesmas paisagens, as mesmas músicas dentro do ouvido e o local de trabalho chega após setenta minutos.
Depois de dezenas de "Bom Dia" acomoda-se na frente de seu bom e já velho companheiro, o computador, ficando lá até quase o meio dia quando eis que chega a hora de almoçar. Por um instante finge crer que o cardápio será diferente, porém logo isso passa e lá estar diante daquele prato igual ao de todos os outros dias. Acaba o almoço, alguns minutos de papos com os colegas e tudo volta a ser como estava pela manhã.
E no meio da tarde toca a canção "Grand' Hotel" do Kid Abelha, e um pensamento covarde domina sua mente paralisando toda a atividade que exerce. É o amor por uma mulher que já não o pertence mais (e de fato nunca o pertenceu). Ela já não tem nem mais vida, é só um desejo, um vulto que nunca sairá da sua cabeça. A música e o pensamento acaba quando alguém o chama pra avisar que tem telefone pra ele.

Chegou às dezoito horas, e o circo é todo desmontado. Desligam-se os computadores e é hora de voltar pra casa. Uma carona dada por uma mulher que há tempos sonha em ter ele nos braços e no coração o leva até meio do caminho. Despede-se com um gelado beijo no rosto e caminha por dez minutos até o ponto de ônibus. E em vinte cinco minutos se o trânsito não o trair chegará ao conforto do seu lar.
Já em casa. Roupas sujas, louças pra lavar, comida pra fazer e todo afazeres que tem uma pessoa que mora sozinha e não tem empregada. Quase sem acreditar que já tinha feito todos seus serviços domésticos vai para o banho. E aí vem o jantar, e depois o sofá que o espera com as noticias na televisão.

Começa a novela, desliga a televisão ligando o rádio quando "Kiss Me" do Sixpence None The Richer invade toda a sala e novamente vem aquele pensamento que fez o levitar pela tarde. Fecha os olhos ouvindo a canção e vai novamente encontra a sua melhor companhia.
A sua cama desarrumada...





*** Quero agradecer imensamente à Flávia Carol pela escolha da foto que ilustra o Post.
“Super” obrigado demais pela simpatia, pelas gírias (de Joãozinho) e pela ajuda.


rafA ditos